Entenda como funciona um relacionamento aberto
Cada vez mais ouvimos falar de novos formatos de casais; saiba o que cada um deles significa e conheça casais famosos que optaram por diferentes formas de amar
O triângulo amoroso vivido por Penélope Cruz, Javier Bardem e Scarlet Johanson no filme de Woody Allen, Vicky Cristina Barcelona, foi um sucesso, e acabou despertando discussões sobre esse modelo de relacionamento. Afinal, e na prática, será que ele funciona?
Para nos aprofundarmos um pouco mais nesse tema, é preciso destacar que as características de um relacionamento aberto vão muito além das orgias repletas de corpos esculturais retratadas no cinema. Além disso, apresentam nuances bem mais variadas e complexas do que os glamurosos menage a trois – expressão francesa que significa sexo à três, independente do gênero, presentes nas telas.
Para muitas pessoas, vale destacar, trata-se de um assunto tabu. Outros, por sua vez, costumam abordá-lo como uma aventura, ou uma experiência sexual esporádica. É bastante comum, no entanto, que depois de praticarem uma vez, passem a adotar hábito e, até abrir o relacionamento de vez.
Um relacionamento aberto quer dizer, essencialmente, que ele não é monogâmico. Isso sugere que não há exclusividade física e/ou romântica entre os parceiros, de forma consensual. Ou seja, o casal decide firmar um pacto para que possa desfrutar de outras experiências, normalmente no âmbito sexual, e, portanto, fora dos padrões patriarcais convencionais. A diferença é que com o acordo, exime-se da culpa. Em outras palavras, se você está em um relacionamento aberto, não existe problema em você ou seu parceiro não serem exclusivos um do outro e se envolverem com uma terceira pessoa. Os dois ficam disponíveis para conhecerem outros parceiros, e caso isso venha a acontecer, não será considerado uma traição.
Apesar de parecer relativamente simples, ao optar por esse formato, o casal precisa estabelecer algumas regras de forma ética e honesta, a fim de que a confiança não seja quebrada. Ciúmes e insegurança podem vir à tona muito facilmente, por isso é necessário saber onde está pisando antes de se colocar em uma situação de vulnerabilidade, ou que talvez não vá suportar. É preciso, acima de tudo, ter muito autoconhecimento, e, ao mesmo tempo, conhecer seu companheiro verdadeiramente.
Veja, abaixo, alguns pontos relevantes:
1. Limites de envolvimento com parceiros secundários
Combinar quais serão os limites sexuais e emocionais e, principalmente, criar regras explícitas deve ser o ponto de partida quando o casal decide testar a dinâmica do relacionamento aberto. Os tópicos a serem discutidos incluem, por exemplo, a quantidade de parceiros extras permitida, a regularidade e o tempo que será dedicado a ele (s). Além disso, vocês terão que definir se estará em jogo apenas sexo ou se o envolvimento emocional também pode vir a acontecer. Geralmente, os acordos desse tipo aceitam somente o contato físico, mas não o afetivo, com outros parceiros. Contudo, é preciso entender que sempre existe o risco de que um dos dois se apaixone por outra pessoa.
2. Estarem na mesma página
Outro ponto extremamente importante é o casal ter segurança de que entende o relacionamento aberto da mesma maneira. Ex-namorados, e amigos em comum estão permitidos? Os encontros estão liberados apenas em determinados dias da semana, ou em situações preestabelecidas? Podem ser em restaurantes, bares, lugares públicos, ou apenas reservados? Alguns casais podem estipular, por exemplo, que só se pode sair uma vez com o parceiro secundário. Ou, ainda, que não podem dormir juntos.
3. Sexo com segurança
Ao tomarem a decisão de se lançarem nesse novo formato de relação, torna-se ainda mais essencial garantir que o sexo seja seguro, protegendo, assim, todos os envolvidos contra DSTs ou uma gravidez indesejada. O uso de preservativos deve ser condição sene qua non em todas as relações sexuais.
4. Salvando o relacionamento
Muitos se perguntam se partir para um relacionamento aberto pode salvar uma relação monogâmica que enfrenta problemas. A verdade é que esse tipo de experimento costuma dar certo com casais felizes, que, juntos, decidem tentar algo novo. Abrir o relacionamento está longe de ser uma estratégia eficaz para levar emoção a um casal que não consegue se satisfazer a dois.
Agora que já abordamos alguns aspectos fundamentais sobre a escolha de viver um relacionamento aberto, conheça os 4 tipos mais comuns:
Monogamish: um relacionamento monogamish é aquele em que ambos os parceiros realizam, ocasionalmente, experiências sexuais com terceiros. A diferença é que isso não chega a ser uma regra, ou seja, o relacionamento não é oficialmente aberto. É apenas o ato de esporádicamente, fazer sexo com pessoas diferentes, do mesmo sexo, ou não.
Relacionamento híbrido: neste desenho, um dos parceiros mantém o relacionamento monogâmico, exclusivo, enquanto o outro se relaciona com outros parceiros. Ambos estão de acordo.
Swing: participar de um swing significa fazer sexo com outro casal ou uma “troca” de casais. Bastante popular, existem várias casas noturnas dedicadas ao gênero no Brasil e no mundo.
Poliamor: ter vários relacionamentos sexuais e românticos, simultaneamente.
Famosos em relacionamentos abertos
Sem nunca se casarem, mas desde sempre muito apaixonados, os filósofos Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir viveram um relacionamento aberto, já em 1929. Segundo a biografia da escritora feminista, cada um deles teve diversos relacionamentos paralelos, e mesmo que fossem consensuais, ainda sentiam ciúme um do outro.
O casal de atores Will Smith e Jada Pinkett Smith revelaram, no ano passado, também serem adeptos de um relacionamento não monogâmico. O casal está junto há mais de 20 anos tem dois filhos.
A chef e apresentadora Bela Gil afirmou recentemente, em sua conta do Instagram, que vive um relacionamento aberto com seu marido há 15 anos, o produtor João Paulo Demasi, com quem tem dois filhos.
Outras celebridades conhecidas por serem contra os relacionamentos monogâmicos são Shirley Maclaine, Steve Parker, Hugh Grant e Megan Fox, entre outros.